terça-feira, 5 de outubro de 2021

Tumor e Procrastinação

Minha última postagem nesse blog foi em 8 de dezembro de 2013, há quase 8 anos. 

Curioso ver em meu texto o relato de um cansaço que me emperrava. Julgava ser psicológico, mas descobri, antes do final daquele ano, uma causa física para meu desânimo - estava com um "belíssimo" tumor na hipófise. 

Aprendi que existem tumores de hipófise secretores e não secretores. O meu era não secretor. Por não produzir nenhum hormônio, minhas taxas estavam relativamente normais, enquanto ele crescia sorrateiro. Na época, o que me incomodou foi uma perda visual, pois o tumor passou a pressionar o quiasma óptico. A única alteração nas minhas taxas foi um decréscimo acentuado da Testosterona. Taí a explicação para o cansaço descrito. 

Operei o tumor no início de 2014. O médico disse que após a cirurgia eu iria perder 5 quilos. Ótimo! Contando com a promessa e sem restrições alimentares, comi feliz da vida e em quantidades generosas. Dois meses depois, estava 5 quilos mais gordo. A promessa falhara. Raios! 

Mesmo mais pesado, após a liberação médica, tentei voltar a correr. Minha ida às ruas entretanto era inconstante, mas eu tinha um álibi: minha testosterona ainda estava em baixa. 

Só no final de 2015, após irradiar o resíduo do tumor e mudar para minha atual endocrinologista, uma santa que substituiu a caralhada de cápsulas que eu tomava por um único comprimido, minha testosterona alcançou níveis aceitáveis (sem reposição).

Por pouco, não teria mais desculpas. Mas..., no final de 2015, iniciei um mestrado e não consegui redução da minha carga horária no trabalho. Além disso, meu projeto me tomou muito tempo. No frigir dos ovos, arrumei outro álibi. 

Confesso que ensaiei voltar a correr, mas dificilmente completava 5 km, sem intercalar com caminhadas. Isso não me preocupava, pois, pensava eu, depois de correr uma maratona, poderia voltar a correr na hora que quisesse. 

Por outro lado, ao mesmo tempo que me consolava, ter corrido os tais 42 km, me atrapalhava, pois na primeira falha do pulmão, decidia caminhar. Quando eu quiser eu volto. Já corri distância maior.

Acabei o mestrado em 2017, a testosterona está funcional, o resíduo do tumor desapareceu dos exames. Se foram as desculpas. Meu inimigo agora é a preguiça e procrastinação (velhos companheiros). Ah, engordei mais 5 quilos.   

Ainda assim, quando quero, mesmo estando menos condicionado e mais pesado, consigo correr 5 km, num pace modesto. Só preciso controlar a mente. Como costumo dizer,  corrida de longa distância é mais mental do que física e, entre o condicionamento físico e mental, o último precisa de mais cuidados. Inclusive, minha volta a esse blog é uma tentativa de me motivar. Preciso desse ânimo e escrever sempre ajudou. 

Quem sabe?!

Se tiver algo de bom para contar, darei notícias.

Abraço a todos.

Luiz Guilherme (Zé)

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